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Boas Vindas
#21
Boa tarde a todos,

Muito agradeço as palavras de todos e especialmente do colega Dr. Miguel Ricou, pelas suas palavras e iniciativa de criar este fórum. Decidi registar-me no forúm pois vou mesmo precisar de desabafar algumas angústias, frustrações e ouvir outras da vossa parte. Eu tenho trabalhado a fazer consultas de psicologia clínica no concelho de Albufeira, nos últimos 4 anos, no entanto e devido a esta pandemia do COVID 19, a vida pessoal e profissional levou uma volta inesperada. Tentando pensar como me adaptar nestes tempos difíceis, estava Às voltas a pensar como trabalhar agora? Com o desenrolar dos acontecimentos, devido à covid 19, fui contactada pela OPP, para apoiar a linha de atendimento ao covid 19 do SNS24, e tal como outros colegas que fizeram a formação de Intervenção em crise e catástrofe, faço parte da bolsa de psicólogos formados em 2015 que estão a dar apoio à linha telefónica do SNS24. Tanto eu como outros colegas que fizeram esta formação, possivelmente não imaginávamos fazer este tipo de colaboração em tele-trabalho, inteiramente a 100% por telefone, uma vez que como psicólogos estamos habituados a estabelecer uma relação presencial, face a face, com as pessoas. E no curso até trabalhámos bastante a parte prática em termos de apoio e intervenção em crise presencialmente. Bem devo dizer que é muito difícil fazer o apoio à linha, ficando por vezes quase sem palavras face às incertezas e angústias de quem liga para a linha todos os dias, mais do que uma vez às vezes. Tentando de todas as formas dar a melhor resposta e encaminhamento possível dentro do que nos foi pedido pela OPP e pelo SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), sabendo que não posso fazer mais do que me foi pedido,além do que está no manual da DGS, sinto que como Psicóloga posso ajudar mais as pessoas nesta fase de crise que nos encontramos, todos os dias vejo a ansiedade a aumentar e o desespero de muitos que estão em casa e já dão sinal de alerta psicológico em isolamento social. Aguardo que a ordem possa rapidamente ajudar para que em vez de informações sobre o covid 19, possamos dar apoio psicológico que muitos já começam a precisar. Termino com uma frase de uma pessoa que atendi hoje no turno da manhã: 'Já sei como me proteger, já ouvi as medidas na vossa gravação, estou a ficar ansiosa e não sei o que fazer, tenho crianças e idosos em casa....'
Obrigada pela vossa atenção, bom trabalho e força a todos
Raquel Romão
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#22
Raquel, sinto orgulho na profissão que exerço, agora através de pessoas como tu, que estão no terreno a dar apoio directo ao SNS 24 no que concerne à COVID19. Compreendo a tua angústia de querer ajudar mais do que é suposto na linha 24. Pensa que, ao não ires mais além, estás a disponibilizar a linha para outras pessoas que necessitam de uma resposta rápida e, assim, estás a contribuir para salvar vidas. Neste momento, já há muitas iniciativas de psicólogos (nos sectores público e privado) a prestarem apoio psicológico gratuito a quem precisa. Bom trabalho.
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#23
(04-01-2020, 11:15 AM)joanadebarros Escreveu: Bom dia Colegas, estou igualmente em teletrabalho e a minha área de intervenção é a deficiência intelectual, tem sido um desafio, criar grupos através das redes sociais, lançar desafios diariamente e telefonar aos que apenas querem ouvir a nossa voz. Para esta população é particularmente dificil, com pais envelhecidos e sendo o centro ocupacional onde passam a maioria do seu tempo semanal.
Para além disso tenho um filho de 9 anos que ainda que facilmente adaptado as novas rotinas e seguindo um plano semanal, começa a mostrar sinais de saudade da familia, escola e amigos. Agradeço a presença neste fórum, será uma mais valia para todos! Joana Barros
Boa tarde!

Sou psicologa num agrupamento de escolas, mas também num CRI-APPACDM (todos os alunos com deficiencia intelectual). Deste modo, ate aqui temos elaborado relatorios e material burocrático (o costume). Agora chegou a hora de, após interrupção letiva da Pascoa, iniciar o trabalho direto com alunos e suas familias. Tendo em conta que tenho vários alunos com dificuldades socio-economicas e integrados em grupos etnicos desfavorecidos que não tem meios para fazer videochamadas, e por vezes, nem telefone. Pensei em fazer sobretudo algum contacto com as familias ao nivel do aconselhamento, mas penso ser restrita essa intervenção. É dificil colocar uma criança com PEA (por exemplo) em frente a um ecrã durante muito tempo. A minha questão é: dispoem de materiais, estratégias para trabalhar com este tipo de grupos menos favorecidos?
Obrigada por esta iniciativa.
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#24
Boa Tarde. Parabéns por esta iniciativa, num momento em que colocam diversos desafios a todos nós.
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#25
Olá colegas,
eu sou psicóloga em dois agrupamentos de escolas e neste momento estamos a realizar as avaliações do 2º período. Terminando as avaliações, é hora de iniciar o trabalho com alunos e suas famílias. Tudo é novo... mas já estamos a delinear o plano de intervenção à distância. Vamos dar o nosso melhor!
Grata por esta iniciativa!
Anabela Fernandes
Responder
#26
Boa tarde a todos.

Parabenizo a iniciativa de nos juntarmos, da forma possível, para partilhar experiências, dúvidas e inquietações.
Sou psicóloga clínica a trabalhar em contexto educacional nos últimos anos.
Partilho as dificuldades manifestadas e sinto muito as dificuldades neste tipo de apoio à distância, que parece não cumprir os requisitos para a base de um apoio psicológico. A par desta fase de adaptação para todos, o contexto onde trabalho é bastante rural, sendo a população maioritariamente iletrada também. Ainda não sei bem como irei conseguir fazer atendimentos e como se conseguirão ajudar estas crianças, muitas sem computador e internet, com famílias, que por muito que queiram algumas, não conseguem ajudar. O contexto é também frágil no aspeto económico, pelo que as prioridades muitas das vezes não são a escola ou a saúde mental, mas sim conseguir ter algum para pôr a comida na mesa. Toda a situação me preocupa bastante, penso todos os dias em formas de conseguir chegar até às famílias, respeitando a sua vulnerabilidade e sendo sensível às suas prioridades. Tudo isto, à distância.

Obrigada pelas partilhas, penso que pode ser uma grande ajuda para todos.

Um bem haja.

Andreia Henriques
Responder
#27
(04-01-2020, 01:35 PM)Raquel Nunes Escreveu:
(04-01-2020, 12:55 PM)Ana Cardoso Escreveu: Boa tarde colegas!

Adorei esta iniciativa...Assim estamos mais perto para que possamos colar dúvidas e também partilhar aspetos positivos do nosso dia-a-adia.
Confesso que o meu tem sido difícil... Trabalho na área clínica com crianças e adolescentes, sendo que me foi proposta consulta online com todas as faixas etárias. Expressei as minhas reticências quanto a consulta com crianças nesta modalidade...levanta-se aqui questões de privacidade e muita dificuldade no trabalho clínico visto que uso maioritariamente ludoterapia no trabalho com este tipo de população. Lá embarquei nisto....contudo verifica-se inviável, como havia alertado, em alguns casos: pais no mesmo espaço, crianças irrequietas que não conseguimos controlar estando por detrás de um ecrã, etc.
Tem sido um desafio constante.
Se alguém que trabalhe com crianças me puder ajudar ou dar algumas sugestões. É que é muito difícil esta continuidade, em grande parte por questões de privacidade.

Bem Haja!

Ana Cardoso
Olá, boa tarde. Partilhei acima a minha experiência, também trabalho com crianças e adolescentes e sinto a mesma dificuldade. O que tenho feito é sobretudo apoiar os pais nas suas dificuldades (por vezes, estão mais ansiosos) e tenho proposto atividades conjuntas com as crianças. Tenho partilhado recursos e estratégias, nomeadamente os documentos disponibilizados pela OPP, e os pais com quem tenho contactado consideram-nos muito úteis. Basicamente, creio que o nosso contributo com as crianças passe muito por apoiar os pais na sua adaptação e das crianças a esta fase de isolamento.
Se alguém tiver mais ideias, são bem-vindas Smile

Raquel Nunes

Boa tarde,
Sou Psicóloga Clínica e do Desporto, mas neste momento estou mais ligada à área de formação. 
Já utilizo o atendimento à distância com algumas pessoas que acompanho e, em minha opinião, é uma ferramenta indispensável em nosso mundo actual. Claro que a mesma possui limitações e desafios, mas tem muitos aspectos positivos, sendo que noto uma maior adesão e continuidade do acompanhamento por parte do cliente - pela facilidade, comodidade, praticidade e, em alguns casos, maior facilidade de verbalização pelo facto de não estarmos presentes.

Trabalho com colegas que acompanham crianças através de atendimento à distância há algum tempo e, da experiência deles, deixo as seguintes sugestões para este tipo de atendimento:
Combinar o horário com o(s) encarregado(s) de educação e a criança, fazendo-os cumprir com o mesmo tal e qual o atendimento no consultório.
Combinar com o(s) encarregado(s) de educação e com a criança que o atendimento será realizado em um espaço reservado, de preferência o quarto da criança. Que durante o tempo do atendimento nenhum dos demais habitantes da residência irá interromper o atendimento, pelo que não devem entrar no local onde o mesmo está sendo realizado. Isto precisa estar informado/combinado com os demais habitantes da residência (o enc. de educação informa os demais).
Se a criança for muito pequena o enc. de educação deve preparar o programa/equipamento (smartphone, tablet ou computador) que será utilizado para este atendimento, combinando com a criança que a mesma não irá mexer no equipamento durante o atendimento, devendo chamar o enc. de educação para desligar a chamada no fim da consulta. Se a criança já souber utilizar os equipamentos poderá receber /iniciar o atendimento sozinha.
Confirmar com o enc. de educação que o equipamento a ser utilizado tem bateria e uma boa conexão à internet.

A ludoterapia continua a ser a base do atendimento. Assim, no local do atendimento devem já estar separados alguns jogos/ brinquedos (a escolha pode ser da criança), papel lápis e canetas para que a criança possa brincar (minhas colegas utilizam baralho de cartas com grande sucesso).
O psicólogo deve falar devagar e bem mais alto, pois neste tipo de chamadas existem muitos problemas de comunicação (ruídos, cortes, etc.)
O psicólogo também deve interagir mais frequentemente ou mais intensamente para que a criança tenha consciência de sua presença.
O psicólogo deve estar ciente e preparado porque a tendência para que irmãos ou outros familiares queiram ver/conhecer/"espiar" o psicólogo será muito maior.

Muito importante - o atendimento com crianças pressupõe contacto visual, pelo que precisa ser efectuado através de smartphone/tablet ou computador. Atendimento através de chamada de voz apenas em casos excepcionais, sendo que os mesmos devem ser curtos, com foco em um ou dois temas.

Para além destas sugestões minhas colegas referem o mesmo que a colega Raquel Nunes: apoiar muito os pais para que estes também possam promover e facilitar a adaptação das crianças (e deles próprios) a esta alteração de nossas rotinas.

Quanto ao tema principal deste fórum - o auto cuidado - posso referir que, em meu caso particular, para além da manutenção das rotinas de exercício físico (adaptadas a limitação do espaço), da boa alimentação e boa higiene do sono, do controle sobre a quantidade de informação sobre a pandemia (ver notícias apenas uma vez ao dia), da prática de mindfulness e da meditação, tenho me apoiado em alguns colegas com quem converso sobre meus estados emocionais. Mas meu pensamento neste momento, onde as questões económicas são tão significativas, seria de que os psicólogos pudessem também disponibilizar de uma linha de atendimento psicológico, onde conseguissem ter algum apoio para suas próprias questões emocionais.

Aproveito para felicitar a ordem por todo seu empenho nesta crise e pelo importante papel que tem desempenhado em nossa sociedade.
Saúde a todos!
Maria
Responder
#28
(04-01-2020, 03:57 PM)joana passos Escreveu:
(04-01-2020, 11:15 AM)joanadebarros Escreveu: Bom dia Colegas, estou igualmente em teletrabalho e a minha área de intervenção é a deficiência intelectual, tem sido um desafio, criar grupos através das redes sociais, lançar desafios diariamente e telefonar aos que apenas querem ouvir a nossa voz. Para esta população é particularmente dificil, com pais envelhecidos e sendo o centro ocupacional onde passam a maioria do seu tempo semanal.
Para além disso tenho um filho de 9 anos que ainda que facilmente adaptado as novas rotinas e seguindo um plano semanal, começa a mostrar sinais de saudade da familia, escola e amigos. Agradeço a presença neste fórum, será uma mais valia para todos! Joana Barros
Boa tarde!

Sou psicologa num agrupamento de escolas, mas também num CRI-APPACDM (todos os alunos com deficiencia intelectual). Deste modo, ate aqui temos elaborado relatorios e material burocrático (o costume). Agora chegou a hora de, após interrupção letiva da Pascoa, iniciar o trabalho direto com alunos e suas familias. Tendo em conta que tenho vários alunos com dificuldades socio-economicas e integrados em grupos etnicos desfavorecidos que não tem meios para fazer videochamadas, e por vezes, nem telefone. Pensei em fazer sobretudo algum contacto com as familias ao nivel do aconselhamento, mas penso ser restrita essa intervenção. É dificil colocar uma criança com PEA (por exemplo) em frente a um ecrã durante muito tempo. A minha questão é: dispoem de materiais, estratégias para trabalhar com este tipo de grupos menos favorecidos?
Obrigada por esta iniciativa.

Boa tarde,

Deparo-me actualmente com os mesmos constrangimentos! Agradecia a partilha de estratégias.
Obrigada.
Responder
#29
(04-01-2020, 03:19 PM)Raquel Romão Escreveu: Boa tarde a todos,

Muito agradeço as palavras de todos e especialmente do colega Dr. Miguel Ricou, pelas suas palavras e iniciativa de criar este fórum. Decidi registar-me no forúm pois vou mesmo precisar de desabafar algumas angústias, frustrações e ouvir outras da vossa parte. Eu tenho trabalhado a fazer consultas de psicologia clínica no concelho de Albufeira, nos últimos 4 anos, no entanto e devido a esta pandemia do COVID 19, a vida pessoal e profissional levou uma volta inesperada. Tentando pensar como me adaptar nestes tempos difíceis, estava Às voltas a pensar como trabalhar agora? Com o desenrolar dos acontecimentos, devido à covid 19, fui contactada pela OPP, para apoiar a linha de atendimento ao covid 19 do SNS24, e tal como outros colegas que fizeram a formação de Intervenção em crise e catástrofe, faço parte da bolsa de psicólogos formados em 2015 que estão a dar apoio à linha telefónica do SNS24. Tanto eu como outros colegas que fizeram esta formação, possivelmente não imaginávamos fazer este tipo de colaboração em tele-trabalho, inteiramente a 100% por telefone, uma vez que como psicólogos estamos habituados a estabelecer uma relação presencial, face a face, com as pessoas. E no curso até trabalhámos bastante a parte prática em termos de apoio e intervenção em crise presencialmente. Bem devo dizer que é muito difícil fazer o apoio à linha, ficando por vezes quase sem palavras face às incertezas e angústias de quem liga para a linha todos os dias, mais do que uma vez às vezes. Tentando de todas as formas dar a melhor resposta e encaminhamento possível dentro do que nos foi pedido pela OPP e pelo SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), sabendo que não posso fazer mais do que me foi pedido,além do que está no manual da DGS, sinto que como Psicóloga posso ajudar mais as pessoas nesta fase de crise que nos encontramos, todos os dias vejo a ansiedade a aumentar e o desespero de muitos que estão em casa e já dão sinal de alerta psicológico em isolamento social. Aguardo que a ordem possa rapidamente ajudar para que em vez de informações sobre o covid 19, possamos dar apoio psicológico que muitos já começam a precisar. Termino com uma frase de uma pessoa que atendi hoje no turno da manhã: 'Já sei como me proteger, já ouvi as medidas na vossa gravação, estou a ficar ansiosa e não sei o que fazer, tenho crianças e idosos em casa....'
Obrigada pela vossa atenção, bom trabalho e força a todos
Raquel Romão

Olá, Raquel!
Percebo perfeitamente o que dizes, também estou na linha SNS24 e de facto não é fácil. Por vezes é bastante angustiante e dou comigo a pensar que também deveria ter o curso de medicina ehehe
Mas na verdade, por mais que possamos pensar que podíamos ajudar ainda mais, nós já estamos a ajudar (muito ou pouco, ajudamos)! Quando alguém desliga, vai de certeza bem melhor do que quando ligou e é nisto que nos devemos focar.
Força e bom trabalho!
Sara Neto
Responder
#30
Boa noite!
Obrigada pela excelente ideia de criar este espaço de Psicólogos/as para podermos desabafar e/ou partilhar soluções.
Eu sou mais do tipo desabafar para "dentro" e perspetivar soluções para "fora".
Numa das mensagens que li, alguém escreveu "Organizar".
De facto essa foi a minha primeira tarefa: concentrar-me em como me organizar para poder atuar de acordo com as circunstâncias, primeiro a nível pessoal, em casa, e depois a nível profissional.
Estabeleci um "local de trabalho". Defini os horários. E faço de conta que tenho de sair... para trabalhar! Até aqui tudo bem!
 
Agora...! Chegar aos jovens... A eles até me parece fácil, se a relação já estiver estabelecida e eu já tinha essa experiência.
 
A questão é como organizar a possibilidade de contacto.
No papel de Psicóloga Escolar, eu penso que faria assim:
Procurava saber quais os meios de contacto que os Diretores de Turma estão a usar ou vão usar ainda, com os seus alunos.
Procurava estabelecer de modo seguro um contacto pela mesma via, mas na minha função de Psicóloga escolar.
Definia um programa de intervenção. Necessidade a que dar resposta. Objetivos a alcançar. Evitava a dispersão.
Posso ter grupos?
Promovo atendimento individual?
Uma das colegas aqui no fórum alertou para a importância do contexto em que se promove a intervenção online. Fundamental!
 
Precisamos todos muito de trocar ideias... Heart Heart Heart



Ana Ribas
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